quarta-feira, 30 de maio de 2007
Espero no vazio, pelo cerrar dos meus olhos, por uma simples fuga a este tormento silencioso que me obriga a horas de sobriedade alarmante e corrosiva. Tento à força que os meus olhos cedam ao cansaço e se deixem derrotar pela louca vontade de encontrar no escuro dos meus sonhos o delicado sabor da serenidade.
Mas o indolente sono não surge, e reviro-me novamente nos lençóis enrugados que não resguardam a minha alma por completo. Lentamente afundo-me em confrontos com a realidade e outros meus pesadelos, onde destapo receios e pudores que me assombram e constrangem.
Debilitado, sem qualquer réstia de apreço pelo o que um dia fantasiei ser, entrego-me ao silêncio interior, que me autoriza a evacuação de todos os sentimentos, tornando-me eu apenas um aglomerado de matéria inerte desprovido de emoções e sonhos.
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terça-feira, 29 de maio de 2007
Faz hoje dez anos que ele nos deixou, de uma forma trágica e abrupta largou o que o prendia a esta rotina que nos mata aos bocados. Não poderia deixar de o lembrar, aqui no meu canto onde choro todas as minhas ausências e deficiências, logo ele que tanta companhia me fez, que tanta dor apaziguou, que tanta criatividade despoletou…
Sem nada mais para acrescentar. Até sempre Jeff.
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segunda-feira, 21 de maio de 2007
Esta noite, podes adormecer tranquila, não terás de esperar pelo beijo amargo da senhora solidão. Hoje, eu durmo no lado esquerdo do teu peito… chego de manso, e serenamente me aconchego na cavidade do teu maldito coração. Não hesitaste, abriste portas antigas e cofres enferrujados e recebeste-me como se fosse parte de ti.
Percebes agora que nunca nos deveríamos ter afastado, é algo biológico, algo químico-sensorial, um sentimento que experimentamos não só com o nosso músculo de sentir, mas com todas as células, com todos átomos dos nossos corpos. Tão intrínseco é o nosso amor que estou certo que morrerei por falta dele no meu organismo.
Chega de palavras decoradas com afecto e paixão! Boa noite, vou dormir.
Hoje, ficamos por aqui.
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segunda-feira, 14 de maio de 2007
Ao homem invisível que habita em mim...
"O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável que algum dia
alguém repare na sua viagem rumo aos corações.
É por gostar que sai ao encontro
de quem tem a certeza de um dia o ter visto.
Só pra mostrar que o que hoje se vê de si
é o que sobrou da sua vontade de entrar nos corações.
O homem invisível ainda acha possível
regressar da viagem com recordações
de sorrisos novos em velhos conhecidos que, por fim,
deixem navegar os sentidos ao sabor das emoções.
O homem invisível nunca teve a coragem
de enfrentar as coisas tal como elas são…
Mas quem pode dizer que aí não há a intenção
de ter das coisas, não aquilo que elas mostram,
mas o que de melhor maneira encontra o coração.
O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável haver alguém que um dia
o acompanhe na sua viagem rumo aos corações.
"Nuno Prata
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sexta-feira, 4 de maio de 2007
Peço a vossa atenção, só vos peço 8 minutos, para entenderem como fortes palavras, podem ainda ganhar mais força quando faladas. É um incentivo a todos aqueles, que como eu, por vezes optam por deixar no papel aquilo que tem mesmo de ser dito.
Espero que gostem da minha selecção.
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quarta-feira, 2 de maio de 2007
Trocávamos cartas em que não colocávamos selos nem destinatário, apenas uma folha de papel pardo escrita a tinta preta. Subíamos ao cimo de um prédio e largávamos cuidadosamente os envelopes que bailavam entre os ventos firmes da cidade.
(...)
Conheci-a por acaso, entre conversas comigo, e a luta dos meus paços contra as pedras da calçada; um envelope esvoaçava à minha frente, parecia que trazia vida e boas novas, como a pomba branca que alertou Noé para o fim da grande depressão.
Só li a carta quando cheguei a casa, depois de um banho entreguei-me nu e inocente às suas linhas amarguradas e melancólicas, senti que quando falávamos de amor, pensávamos no mesmo quadro de Dali, suspeitei que os teus cabelos fossem belos e tivessem o cheiro das flores do Lago dos Cisnes, percebi então que o seu sorriso só poderia ser algo de singular, tão belo que seria uma recompensa para mim poder presenciar tal maravilha.
Escrevi-lhe nessa mesma noite, e na manhã seguinte também, todos os dias lhe dirigia dúzias de cartas, todas elas revelavam o meu amor incondicional, contavam os meus segredos e sonhos, todas elas continham pedaços do meu coração, que se partira há uns anos e que caprichosamente guardara num frasco de café.
Gastei quilos de papel e centenas de canetas de tinta permanente, pois nunca arriscaria ver apagadas as minhas palavras de amor. Mas ela nunca respondeu.
O meu amor por correspondência, não foi correspondido…
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terça-feira, 1 de maio de 2007
Esta é de certo a noite mais silenciosa do ano, parece que o vento se deitou cedo, pois nem uma brisa se faz sentir. Em meu redor e dentro de mim, um sossego como nunca sentira antes, como se o silêncio fosse um lençol de seda que me cobria a pele e toda a alma, de uma forma protectora que me permitia discernir o Mundo e o Homem como se duas matérias independentes e auto-suficientes fossem.
Fecho os olhos, e o que apenas oiço é o delicado tocar das pestanas. Nunca me tinha apercebido que um simples e delicado piscar de olhos, produzia um som tão poético como um acorde das harpas das musas gregas. Gostava agora, de descobrir qual seria o som dos teus lábios nos meus, seria algo romanticamente banal, ou um aprimorado suspiro dos Deuses?
Apago o cigarro e adormeço no banco do jardim.
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