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quarta-feira, 30 de maio de 2007
a espera
Espero no vazio, pelo cerrar dos meus olhos, por uma simples fuga a este tormento silencioso que me obriga a horas de sobriedade alarmante e corrosiva. Tento à força que os meus olhos cedam ao cansaço e se deixem derrotar pela louca vontade de encontrar no escuro dos meus sonhos o delicado sabor da serenidade.

Mas o indolente sono não surge, e reviro-me novamente nos lençóis enrugados que não resguardam a minha alma por completo. Lentamente afundo-me em confrontos com a realidade e outros meus pesadelos, onde destapo receios e pudores que me assombram e constrangem.

Debilitado, sem qualquer réstia de apreço pelo o que um dia fantasiei ser, entrego-me ao silêncio interior, que me autoriza a evacuação de todos os sentimentos, tornando-me eu apenas um aglomerado de matéria inerte desprovido de emoções e sonhos.

7 Comentários

Não sei porquê (visto que não te conheço) mas, pelo que escreves, parece-me impossível seres, seja quando for, apenas um "aglomerado de matéria inerte desprovido de emoções e sonhos".
Quem escreve, como tu, estas palavras, com a sensibilidade de quem toca na pele de quem ama, não me parece que poderá, algum dia, ficar desprovido de emoções ou de sonhos... Nem quando dorme, incosciente...

Desprovido daquilo que faz sonhar, daquilo que se espera e desespera...e que um dia, um dia qq, igual a outros virá...

Pronto...lá venho eu encher-te isto de elogios e de incrementos ao "ego do menino".
Em primeiro lugar eu só elogio porque gosto mesmo.
Em segundo lugar, a "tua"rádio tem-me acompanhado nestas minhas noites de insónias...
Em terceiro e último lugar...belíssima descrição, não extremamente dramatizada e nada teatralizada sobre o que é uma noite dessas.
Chego a confundir-me com os lençóis, a virar-me ao contrário, depois dos exercícios de respiração e de meditação se terem mostrado inúteis. Pior é mesmo a sensação de desperdício e para mim sou é um aglomerado de órgãos, sempre a funcionar!
Temos algo em comum...para além do ego que gosta de ser alimentado! ehehe!

Ego é com o Chino mas neste caso nada a apontar deve ser muito bem alimentado no que diz respeito à escrita estás cada vez melhor é o vinho do Porto e tu

Eu acho tão bonito aquilo que tu queres.

Como te compreendo.

bjinho

A espera por um novo post é irritante!


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terça-feira, 29 de maio de 2007
Jeff Buckley. DEZ ANOS!

Jeff Buckley


Faz hoje dez anos que ele nos deixou, de uma forma trágica e abrupta largou o que o prendia a esta rotina que nos mata aos bocados. Não poderia deixar de o lembrar, aqui no meu canto onde choro todas as minhas ausências e deficiências, logo ele que tanta companhia me fez, que tanta dor apaziguou, que tanta criatividade despoletou…

Sem nada mais para acrescentar. Até sempre Jeff.




4 Comentários

Aprendi a gostar dele por tua causa aliás tu és o meu mentor musical, tenho conhecido imensas coisas boas devido a ti e ao teu bom gosto.

Em primeiro lugar devo assumir-me como uma reles ladra informática mas foi mais forte do que eu. Não é desculpa é justificação. A rádio que criaste na last f.m tem tudo e mais alguma coisa do que eu ouço e como (por pura falta de paciência) não fiz uma para mim...e depois a tua já estava feita. Só juntei o útil ao agradável que é ouvir a música que gosto mas que foi escolhida por outrém. SEm te conhecer posso afirmar que tens um bom gosto musical (muito parecido/quase igual ao meu.
Em segundo lugar o Jeff, o Buckley claro! Que também já amparou lágrimas minhas, que já me viu sorrir, fazer amor e amar muito e tens toda a razão...que se há de fazer senão usufruir do que ele deixou? Dizer até sempre e lembrá-lo um pouco sempre que se ouve /faz boa música.
Ele deixou-nos mas foi só o corpo não foi? Ainda o ouço...
Desculpa assim a "largueza" do comentário e assim sendo...obrigada pelas duas coisas!

Grande musico, grandes temas, grande legado. Ate sempre jeff.

e sem se saber bem como ou porquê. é esse o destino - e o preço - das lendas...


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segunda-feira, 21 de maio de 2007
Hoje, ficamos por aqui.
Esta noite, podes adormecer tranquila, não terás de esperar pelo beijo amargo da senhora solidão. Hoje, eu durmo no lado esquerdo do teu peito… chego de manso, e serenamente me aconchego na cavidade do teu maldito coração. Não hesitaste, abriste portas antigas e cofres enferrujados e recebeste-me como se fosse parte de ti.

Percebes agora que nunca nos deveríamos ter afastado, é algo biológico, algo químico-sensorial, um sentimento que experimentamos não só com o nosso músculo de sentir, mas com todas as células, com todos átomos dos nossos corpos. Tão intrínseco é o nosso amor que estou certo que morrerei por falta dele no meu organismo.

Chega de palavras decoradas com afecto e paixão! Boa noite, vou dormir.

Hoje, ficamos por aqui.

4 Comentários

Pelos Deuses! Escreveste o que já quis dizer e o que os meus ouvidos já tentaram em tempos ouvir...muito lindo!
A minha reciclagem do dia foi: "Re-aprender a não ter medo custa, mas é bom!"
Tento abrir cofres enferrujados e o meu coração é quem mais força faz para abrí-los mas o medo, esse fantasma que me /nos persegue a todos um pouco por toda a parte continua por cá. Quem sabe um dia ao realmente escutar palavras que me digam assim desta forma que vale a pena não ter medo...quem sabe passa do sonho à realidade.
Muito bom, muito obrigada!

Há uma amiga que não pode ler isto, se não muda de ideias em relação à vida.

Estas palavras, assim arrumadas, são das mais bonitas que já li... Posso agradecer-te?! Deixa-me agradecer-te... Pelos momentos que passei a ler e reler este texto. Obrigada!

Como te adoro partícula sensorial.
Vives em mim porque gosto que lá mores naquele pedaço a que chamo coração.
[saudades...depois explico a ausência]


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segunda-feira, 14 de maio de 2007
O homem invisível
Ao homem invisível que habita em mim...

"O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável que algum dia
alguém repare na sua viagem rumo aos corações.

É por gostar que sai ao encontro
de quem tem a certeza de um dia o ter visto.
Só pra mostrar que o que hoje se vê de si
é o que sobrou da sua vontade de entrar nos corações.

O homem invisível ainda acha possível
regressar da viagem com recordações
de sorrisos novos em velhos conhecidos que, por fim,
deixem navegar os sentidos ao sabor das emoções.

O homem invisível nunca teve a coragem
de enfrentar as coisas tal como elas são…
Mas quem pode dizer que aí não há a intenção
de ter das coisas, não aquilo que elas mostram,
mas o que de melhor maneira encontra o coração.

O homem invisível ainda acha possível
abrir sorrisos à sua passagem. Mas não é fácil.
É pouco provável haver alguém que um dia
o acompanhe na sua viagem rumo aos corações."

Nuno Prata



6 Comentários

Gostei imenso =D

Gosto do Senhor Nuno Prata, gosto muito dos poemas, gosto de algumas músicas, adoro este poema, obrigada por me teres colocado na lista dos links...até.

Obrigada por partilhares.

Nuno Prata :)

Pouco provável não é impossível ...
O homem invisível pode não ser visto mas sentido uma outra forma de chegar ao coração de alguém.

Noite feliz, um beijo

Muitas vezes não é a invisibilidade que está em nós, é a cegueira que está no outro.

E perceba-se que não é bem a mesma coisa.

Nice poem! ;)


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sexta-feira, 4 de maio de 2007
8 minutos.
Peço a vossa atenção, só vos peço 8 minutos, para entenderem como fortes palavras, podem ainda ganhar mais força quando faladas. É um incentivo a todos aqueles, que como eu, por vezes optam por deixar no papel aquilo que tem mesmo de ser dito.

Espero que gostem da minha selecção.


Estilhaços


7 Comentários

Muito bom =) e o piano lá atrás...fantastico*

Escrever é a melhor forma de perpetuar as emoções e sentimentos... Como se as páginas da vida se cruzassem, aqui e ali, entre a evasão e a loucura. Mas há palavras que só fazem realmente sentido quando são concretizadas... Que nunca nada fique por dizer! (visita-nos em http://bolinhu.blogspot.com/)

estilhaços que se ouvem.





...somos feitos de vidro.

Todos estilhaçamos.


bjos


(tens um blogge magnifico)

por Anonymous Anónimo, a 7 de maio de 2007 às 19:42  

Essa voz arrepia-me o coração.

Só hoje foi possível agradecer-te a visita e as palavras deixadas no meu espaço. Dispensei estes 8 minutos com gosto. Aprecio o poder da palavra falada , para que os silêncios não ganhem voz.

Deixo um beijo em forma de chuva miusinha

miudinha ( :O) ) sou perita em trocar letras


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quarta-feira, 2 de maio de 2007
Amor por Correspondência
Trocávamos cartas em que não colocávamos selos nem destinatário, apenas uma folha de papel pardo escrita a tinta preta. Subíamos ao cimo de um prédio e largávamos cuidadosamente os envelopes que bailavam entre os ventos firmes da cidade.

(...)

Conheci-a por acaso, entre conversas comigo, e a luta dos meus paços contra as pedras da calçada; um envelope esvoaçava à minha frente, parecia que trazia vida e boas novas, como a pomba branca que alertou Noé para o fim da grande depressão.

Só li a carta quando cheguei a casa, depois de um banho entreguei-me nu e inocente às suas linhas amarguradas e melancólicas, senti que quando falávamos de amor, pensávamos no mesmo quadro de Dali, suspeitei que os teus cabelos fossem belos e tivessem o cheiro das flores do Lago dos Cisnes, percebi então que o seu sorriso só poderia ser algo de singular, tão belo que seria uma recompensa para mim poder presenciar tal maravilha.

Escrevi-lhe nessa mesma noite, e na manhã seguinte também, todos os dias lhe dirigia dúzias de cartas, todas elas revelavam o meu amor incondicional, contavam os meus segredos e sonhos, todas elas continham pedaços do meu coração, que se partira há uns anos e que caprichosamente guardara num frasco de café.

Gastei quilos de papel e centenas de canetas de tinta permanente, pois nunca arriscaria ver apagadas as minhas palavras de amor. Mas ela nunca respondeu.

O meu amor por correspondência, não foi correspondido…

4 Comentários

por Anonymous Anónimo, a 2 de maio de 2007 às 01:54  

Tratas de um tema que me é querido e num dia em que andei a reler cartas que guardo religiosamente..são tesouros que poucas pessoas voltarão a ter para guardar. NUma era em que só os bancos e os senhores da edp e mais os da câmara Municipal enviam cartas aos munícipes e sempre a pedir dinheiro, as minhas cartas são quadros que guardo na minha memória e em formato papel.
Quanto à não correspondência (não sei porquê mas hoje estou positivista!), se foi preciso uma não correspondência amorosa para teres assim tanta escrita bonita...prefiro pensar no resultado final e não no que passou pelo meio. Até..

O destinatário ausente presente na escrita. As cartas que não são lidas são bem compreendidas, tem um fim que não o fim, as cartas lidas muitas vezes nao sao compreendidas, e é ali o fim.

Tão bonito!!! Não consigo dizer mais nada!!!

por Anonymous Anónimo, a 9 de maio de 2007 às 10:12  

Adorei..pode nao ter sido correspondido, mas no fim escreveste sp akilo que kixeste..k sentias, tudo akilo que kerias k ela soubexe! gustei mm mt... Lob U*

Leonor*


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terça-feira, 1 de maio de 2007
Banco de Jardim
Esta é de certo a noite mais silenciosa do ano, parece que o vento se deitou cedo, pois nem uma brisa se faz sentir. Em meu redor e dentro de mim, um sossego como nunca sentira antes, como se o silêncio fosse um lençol de seda que me cobria a pele e toda a alma, de uma forma protectora que me permitia discernir o Mundo e o Homem como se duas matérias independentes e auto-suficientes fossem.

Fecho os olhos, e o que apenas oiço é o delicado tocar das pestanas. Nunca me tinha apercebido que um simples e delicado piscar de olhos, produzia um som tão poético como um acorde das harpas das musas gregas. Gostava agora, de descobrir qual seria o som dos teus lábios nos meus, seria algo romanticamente banal, ou um aprimorado suspiro dos Deuses?

Apago o cigarro e adormeço no banco do jardim.

2 Comentários

por Anonymous Anónimo, a 2 de maio de 2007 às 01:50  

Depende do que se espera que se sinta...o pestanejar, o brilhar e o reflexo de uma lua no mar serão sempre banalidades aos olhos do pescador ao frio e à cacimba e no entanto tratar-se-ão de pérolas descritivas para os românticos literários...SE te ouvir com o coração sentirei tudo com a magia que só o amor confere e os Deuses adivinham.AMEI este texto...pérola!

Muito bom...nessas noites fecho os olhos e começo a ver melhor...


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