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quarta-feira, 2 de maio de 2007
Amor por Correspondência
Trocávamos cartas em que não colocávamos selos nem destinatário, apenas uma folha de papel pardo escrita a tinta preta. Subíamos ao cimo de um prédio e largávamos cuidadosamente os envelopes que bailavam entre os ventos firmes da cidade.

(...)

Conheci-a por acaso, entre conversas comigo, e a luta dos meus paços contra as pedras da calçada; um envelope esvoaçava à minha frente, parecia que trazia vida e boas novas, como a pomba branca que alertou Noé para o fim da grande depressão.

Só li a carta quando cheguei a casa, depois de um banho entreguei-me nu e inocente às suas linhas amarguradas e melancólicas, senti que quando falávamos de amor, pensávamos no mesmo quadro de Dali, suspeitei que os teus cabelos fossem belos e tivessem o cheiro das flores do Lago dos Cisnes, percebi então que o seu sorriso só poderia ser algo de singular, tão belo que seria uma recompensa para mim poder presenciar tal maravilha.

Escrevi-lhe nessa mesma noite, e na manhã seguinte também, todos os dias lhe dirigia dúzias de cartas, todas elas revelavam o meu amor incondicional, contavam os meus segredos e sonhos, todas elas continham pedaços do meu coração, que se partira há uns anos e que caprichosamente guardara num frasco de café.

Gastei quilos de papel e centenas de canetas de tinta permanente, pois nunca arriscaria ver apagadas as minhas palavras de amor. Mas ela nunca respondeu.

O meu amor por correspondência, não foi correspondido…

4 Comentários

por Anonymous Anónimo, a 2 de maio de 2007 às 01:54  

Tratas de um tema que me é querido e num dia em que andei a reler cartas que guardo religiosamente..são tesouros que poucas pessoas voltarão a ter para guardar. NUma era em que só os bancos e os senhores da edp e mais os da câmara Municipal enviam cartas aos munícipes e sempre a pedir dinheiro, as minhas cartas são quadros que guardo na minha memória e em formato papel.
Quanto à não correspondência (não sei porquê mas hoje estou positivista!), se foi preciso uma não correspondência amorosa para teres assim tanta escrita bonita...prefiro pensar no resultado final e não no que passou pelo meio. Até..

O destinatário ausente presente na escrita. As cartas que não são lidas são bem compreendidas, tem um fim que não o fim, as cartas lidas muitas vezes nao sao compreendidas, e é ali o fim.

Tão bonito!!! Não consigo dizer mais nada!!!

por Anonymous Anónimo, a 9 de maio de 2007 às 10:12  

Adorei..pode nao ter sido correspondido, mas no fim escreveste sp akilo que kixeste..k sentias, tudo akilo que kerias k ela soubexe! gustei mm mt... Lob U*

Leonor*


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