sexta-feira, 14 de setembro de 2007
A chuva voltou a cair no meu jardim e eu não me apercebi…
Há três semanas que adormeço sobre bancos cobertos de jornais baratos encharcados de dramas fáceis e água … julguei ser o sistema de rega… pouco me importei.
Consigo agora explicar o escurecer dos dias vazios deste melancólico Setembro… De olhos fechados, a luz que tantos outros iluminou, pouco importa… é apenas uma memória pouco saudável que costumo guardar junto das bolachas de água e sal.
Os canteiros foram destruídos pelas chuvas, provavelmente, mais uma primavera sem flores… antes assim que se extinguirem ironicamente pela falta de água e cuidados, no próximo verão.
Esta pedra que não fura.
Não tenho nada para te dizer…
Gostava que ficasses aqui comigo até que o sono chegasse e nos levasse com ele para outro mundo que não este… Podíamos partilhar o mesmo silêncio, partilhar os mesmos lençóis… Seria capaz de passar dias a perder-me em cada recanto do teu corpo, amar cada pedaço teu…
Em silencio penso na inocência do meu afecto por ti… Tudo tem base na premissa mais simples do amor – Gosto de ti, porque sim – e para mim é suficiente. Suficiente para me deixar explorar e ceder aos teus encantos, que descubro a cada momento que passo contigo.
Quebram-se vidros escarlates à sua passagem. Caminha nu por ruas pouco idóneas onde o diabo baila exuberante chafurdando na merda que se acumula na travessa do amor. Caminha procurando a solidão necessária para conversar.
Corpos esfolados de maquilhagens e orgulho escorrem pela sarjeta, mais à frente, dedos divinos amassam numa tina de esmalte azul todas as virtudes conhecidas ao homem, dali sairá certamente uma pessoa decente.
Ali onde prostitutas morrem e antigos reis nasceram, o homem que se passeava nu pela rua, deitou-se de costas no acidentado e porco chão, e entregou-se à morte esperando melhores dias.
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