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segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Diários
Estranho sempre que escrevo num caderno novo… A sensação que as palavras, outrora impressas em cadernos cheios de borrões e páginas rasgadas, sejam extintas da memória de poeta adolescente que me acompanha. Receio também as páginas que decalco, milhares de linhas por preencher com pedaços de mim ou ilusões vividas em momentos vazios… Sobrevoando tudo isto, o medo de não ser a mesma pessoa quando a tinta permanente da minha caneta chegar à última página.

Dou por mim a envelhecer entre as minhas palavras… nos meus textos. Sem muito ter de escavar, encontro diários de guerra de um combatente que assistiu a todas as grandes guerras do meu mundo acinzentado. Entre cartas ensanguentadas e relatos de batalhas terminadas, encontro a mesma sensibilidade, a mesma forma de viver cada instante, que foi amadurecendo com os ferimentos e as lentas reabilitações.

“É o mesmo, de todas as noites frias, que vos escreve. Julgo que os confrontos já terminaram há algumas semanas, deixei de ouvir os gritos de dor em meu redor e de sentir o solo tremer a cada explosão. Daqui, do fundo da minha trincheira, vos digo que o Mundo parece mais assustador que as balas do inimigo.
Já estanquei as hemorragias, sinto-me capaz de voltar a andar, mas os pesadelos que todas as noites me visitam, trazem-me à memória as dores que passei… os dramas que vivi. Espero um dia sair deste cenário de destroços e dor, até lá, fortifico a trincheira”

3 Comentários

Curioso como cada pessoa lida com o desfolhar de forma díspar...
Adoro um caderno novo. Adoro o caderno que chega ao fim.Vivo intensamente mais as folhas finais que as iniciais. Custa-me começar a escrever num caderno novo. Faço-lhe festas e deixamo-nos ir conhecendo ao toque. Depois sim violo-o.
As folhas do meio normalmente são as da adolescência do dito objecto: são devoradas com um tanto de sentimento e sem nenhuma sapiência. Escorrem emoções e mais tinta que as outras.
A minha desfolhada é mais ou menos assim.
...

Posso confirmar que mudaste imenso ao longo dos anos e blogs, felizmente tive a oportunidade de conhecer maior parte dos teus blogs e estou a recordar-me de vermos uma noite 2 ou 3 dos teus primeiros blogs onde eras um puto e que diferença!
Lembro-me de te dizer que me identificava com o teu tipo de escrita do Frases Perdidas talvez um dia seja capaz de ter um bocadinho deste também.
Foges-me pelos dedos és demasiado bom.

Tive que voltar a comentar pela última frase da Maria :
"Foges-me pelos dedos és demasiado bom."

Tens aí uma boa pessoa que te conhece e te dá força e carinho...

Muito bom de ler.


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