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sábado, 24 de março de 2007
imcompetencias
Calco cuidadosamente nos meus ombros todo o peso do mundo, descalço-me e escorro lentamente para o lago escuro onde todos morrem deprimidos, não sinto frio, não me sinto molhado, não sinto o pulso. Aqui dentro posso flutuar para sempre, aqui o tempo não passa, os relógios pararam e os corações também, o peito não me dói, e a cabeça não lateja.

Não quero morrer, quero antes não-viver, negar o corpo, negar a respiração e o oxigénio, negar toda a química em mim, só apenas nada, aquele nada que nos enche quando julgamos estar vazios, aquele mesmo nada, que não dói quando todo o nosso corpo arde em agonia.

Torno-me belo, como uma sinfonia, uma guitarra que nos mastiga, que nos martela o sentimento, tornando cada vez mais patente a nossa incompetência para sermos felizes, para nos dar-mos a quem gostamos e nos merece. Somos uns deficientes afectivos, construímos a nossas próprias barreiras arquitectónicas, descriminamo-nos, isolamo-nos, esquecemo-nos

“Um dia talvez entre um copo meio cheio, um cigarro meio apagado, ou simplesmente, naquele dia... explico-te o que se passa comigo”

7 Comentários

Um beijo à sara pela inspiração para a ultima frase.

Chin Chin... vamos ser felizes e vais sair desse lago deixando para trás uma dor que não é tua e não mereces.

"Aqui dentro posso flutuar para sempre"- Knife Party

Eu estou bem, obrigado pela preocupação... serei sempre Anemic and Sweet.

Acho que tens razão, somos deficientes afectivos. *

"Que temos sido nós desde o colégio, desde o exame de Latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão" - Os Maias ...deves ter razão, secalhar não passamos de deficientes afectivos!

Deficientes afectivos e ignorantes, sim porque a ignorancia também se extende ao sentir.
MAis uma vez um belissimo texto.*

A dificuldade que certas pesoas têm em ser felizes e em sobreviverem ( o tal não-viver que se busca)é equivalente estatisticamente À sua capacidade de sentir e de se darem ao que nunca nos merece pois é sempre visto à nossa semelhança.
Não sei se assim é contigo mas não preciso que puxem para fora do lago. O lago é meu, sou do lago e se ele está lá, aqui, é porque assim o quero.
Eu não sei quanto a ti, a ti não te julgo, ao teu texto que tem isto tudo que eu entendo, eu posso julgar. O texto é para mim isto que aqui deixo porque no meu lago, lá do fundo e entre um mergulho de falsa alegria e uma submersão de desistência, eu li-te assim.
Obrigada pelos cenários em que te constróis.


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