sábado, 24 de março de 2007
Calco cuidadosamente nos meus ombros todo o peso do mundo, descalço-me e escorro lentamente para o lago escuro onde todos morrem deprimidos, não sinto frio, não me sinto molhado, não sinto o pulso. Aqui dentro posso flutuar para sempre, aqui o tempo não passa, os relógios pararam e os corações também, o peito não me dói, e a cabeça não lateja.
Não quero morrer, quero antes não-viver, negar o corpo, negar a respiração e o oxigénio, negar toda a química em mim, só apenas nada, aquele nada que nos enche quando julgamos estar vazios, aquele mesmo nada, que não dói quando todo o nosso corpo arde em agonia.
Torno-me belo, como uma sinfonia, uma guitarra que nos mastiga, que nos martela o sentimento, tornando cada vez mais patente a nossa incompetência para sermos felizes, para nos dar-mos a quem gostamos e nos merece. Somos uns deficientes afectivos, construímos a nossas próprias barreiras arquitectónicas, descriminamo-nos, isolamo-nos, esquecemo-nos
“Um dia talvez entre um copo meio cheio, um cigarro meio apagado, ou simplesmente, naquele dia... explico-te o que se passa comigo”
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