quarta-feira, 14 de março de 2007
Procuras por mim entre as linhas do meu caderno vermelho, onde outrora poemas dançaram ao ritmo de uma caneta de traço grosso e azul.
Palavras cheias de sentimento vestindo fatos de gala ensanguentados pelas mágoas que trazia dentro de mim, faziam par com vírgulas e reticencias que deixavam no ar o aroma a incerteza e desordem. No fim de cada poema um ponto final que me trazia de volta para a azeda realidade que me habitava.
Não encontrarás mais poemas sombrios no meu caderno vermelho, todas as amarguras extinguiram-se na noite em que bebemos vinho junto ao rio. Aquela noite fria em que as estrelas se deitaram cedo, e apenas a lua foi suplantada pelo nosso amor, estranho amor.
Neste momento, as linhas do velho caderno são sufocantes para toda a expressiva escrita que me sai da caneta, sinto que viajo no dorso de um pássaro púrpura de cauda dourada que escreve longos poemas de amor no mesmo escuro céu, daquela sobrenatural noite.
Assim sendo, não abras mais este melancólico caderno, pois apenas borrões de dor restam, se me quiseres ler, olha para o céu e encontrarás certamente palavras de ternura que flutuam por entre as estrelas dos teus olhos.
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